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QUESITOS PARA PERÍCIA EM AÇÃO JUDICIAL DE ERRO MÉDICO

Em ações judiciais que envolvem alegações de erro médico, a fase pericial é, sem dúvida, uma das etapas mais determinantes do processo. Tanto para a defesa de médicos e hospitais quanto para os autores da ação (pacientes ou seus representantes), a forma como os quesitos técnicos são elaborados pode definir o desfecho da demanda.

É por meio das perguntas dirigidas ao perito judicial que o juiz obterá subsídios para formar sua convicção sobre a existência (ou não) de conduta culposa por parte do profissional da saúde, seja por imprudência, negligência ou imperícia.

A Importância Estratégica dos Quesitos

Os quesitos funcionam como ferramenta técnica de condução da prova pericial, direcionando o olhar do perito para pontos cruciais do atendimento médico ou hospitalar. Quando bem elaborados, têm o poder de:

  • Esclarecer a conduta adotada pelo profissional frente às boas práticas médicas;

  • Verificar aderência a protocolos, diretrizes clínicas e literatura científica reconhecida;

  • Apontar eventuais falhas no diagnóstico, tratamento, prescrição, acompanhamento ou documentação;

  • Isolar fatores externos ou intercorrências clínicas inevitáveis, eximindo o médico de responsabilidade indevida;

  • Evitar generalizações que possam comprometer a objetividade do laudo pericial.

Requisitos para a Elaboração de Quesitos Técnicos de Qualidade

Para que os quesitos cumpram sua função de forma eficaz, é indispensável que sejam elaborados por profissional com conhecimento jurídico processual e domínio específico do Direito Médico. Isso porque:

  • O Código de Processo Civil estabelece regras formais sobre a formulação de quesitos e atuação das partes na perícia;

  • O conhecimento técnico-médico permite formular perguntas que realmente dialoguem com a prática clínica e a terminologia científica;

  • Quesitos mal formulados, genéricos ou subjetivos podem ser desconsiderados pelo perito, ou ainda produzir laudos desfavoráveis por falta de clareza ou foco probatório.

Além disso, a leitura atenta e interpretativa dos documentos médicos anexados aos autos é indispensável, para garantir que os quesitos:

  • Dialoguem diretamente com os fatos relevantes;

  • Sejam objetivos, técnicos e isentos de julgamento prévio;

  • Elimine dúvidas quanto à cronologia dos eventos, condutas tomadas, exames solicitados, evolução clínica e decisões documentadas;

  • Permitindo ao perito responder com clareza e precisão, favorecendo um laudo compreensível e útil ao convencimento judicial.

Relevância do Laudo Pericial e Possibilidade de Nova Perícia

O laudo pericial conclusivo é, na maioria dos casos, o elemento probatório com maior peso no julgamento da causa. Justamente por isso, quesitos bem elaborados têm potencial para:

  • Evitar condenações indevidas;

  • Demonstrar a boa conduta profissional adotada no caso;

  • Subsidiar pedidos de esclarecimentos ou nova perícia, se o laudo for omisso ou contraditório.

Atuação na Elaboração de Quesitos em Erro Médico

A atuação é realizada de forma técnica, estratégica e personalizada na:

  • Análise processual e documental do caso;

  • Estudo detalhado de prontuários, exames, receituários, termos de consentimento e demais provas médicas;

  • Formulação de quesitos técnicos voltados à proteção da atuação profissional do médico ou da instituição de saúde;

  • Atuação conjunta com assistente técnico, quando necessário, para apoio na análise da perícia e eventual impugnação do laudo.

A perícia é, muitas vezes, o coração do processo judicial por erro médico. A boa elaboração dos quesitos é o que dá voz técnica ao profissional da saúde diante do Poder Judiciário.

Ricardo Stival é Advogado, Professor de Pós-Graduação de Direito Médico,  Especialista em Ações Judiciais de Erro Médico, Sindicâncias e Processos Éticos no CRM e CRO, com atuação em todo o Brasil
Ricardo Stival - Direito Médico

Ricardo Stival - Advogado e Professor de Direito Médico

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