DEFESA EM PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL DE DENTISTA NO CRO
Para o profissional da odontologia, enfrentar um Processo Ético-Profissional junto ao Conselho Regional de Odontologia (CRO) é, sem dúvida, uma situação delicada, que gera insegurança, desgaste emocional e receio quanto aos impactos em sua reputação perante pacientes, colegas e instituições.
Mesmo que a denúncia seja injusta ou infundada, o trâmite administrativo deve ser conduzido com extrema seriedade e preparo técnico, pois as consequências podem ser significativas — tanto do ponto de vista jurídico quanto reputacional.
Consequências de um Processo Ético no CRO
O Código de Ética Odontológica prevê penalidades que vão desde uma advertência confidencial por escrito até a cassação do registro profissional, a depender da gravidade da conduta imputada e da interpretação dos conselheiros sobre os fatos apresentados.
Entre as penalidades possíveis, destacam-se:
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Advertência confidencial por escrito;
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Censura confidencial ou pública;
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Suspensão temporária do exercício profissional;
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Cassação do registro profissional, com perda do direito de exercer a odontologia.
Além das penalidades formais, há também consequências indiretas que podem comprometer profundamente a carreira do dentista:
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Abalo à reputação profissional;
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Desconfiança de pacientes, parceiros ou convênios;
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Exposição pública ou digital da denúncia e do processo, mesmo que indevida;
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Dificuldade para assumir cargos, concursos ou integrar sociedades profissionais.
A Importância de uma Defesa Especializada
Por se tratar de um processo com caráter técnico e ético, o julgamento da conduta do dentista envolve não apenas análise jurídica, mas também avaliação de documentos clínicos, condutas técnicas, protocolos e deveres ético-legais. Assim, a defesa deve ser conduzida por profissional com conhecimento específico em Direito Odontológico e prática forense administrativa.
A atuação é focada em:
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Análise minuciosa da denúncia e das provas apresentadas;
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Elaboração de defesa escrita clara, técnica e estratégica;
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Acompanhamento em oitivas, sustentações e audiências;
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Apresentação de provas documentais, prontuário, termos de consentimento e eventuais perícias particulares;
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Formulação de recursos administrativos ao próprio CRO e, se necessário, ao CFO;
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Pedido de nulidade processual, quando houver vícios de forma, falta de contraditório ou parcialidade na condução do processo.
Postura Processual
Mesmo que a infração não se confirme, o simples fato de responder a um processo ético já representa um risco para o dentista, que deve adotar uma postura proativa desde o início. Isso significa:
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Não minimizar a gravidade do procedimento;
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Evitar respostas genéricas, intempestivas ou sem embasamento técnico;
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Buscar assessoria jurídica especializada desde a fase da sindicância, e não apenas após uma eventual punição;
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Apresentar, com apoio jurídico, a real complexidade clínica do caso, demonstrando que agiu com zelo, ética e responsabilidade.
O Processo Ético-Profissional não deve ser enfrentado com improviso. É uma etapa crítica que exige preparo, técnica e proteção reputacional. O dentista precisa ser ouvido, defendido e respaldado com a seriedade que a sua carreira merece.
Ricardo Stival é Advogado, Professor de Pós-Graduação de Direito Médico, Especialista em Ações Judiciais de Erro Médico, Sindicâncias e Processos Éticos no CRM e CRO, com atuação em todo o Brasil





